UM DUELO ENTRE IGUAIS

Por acaso o presidente Odone não foi acusado de ter tido uma atitude racista depois do que ele fez com o cunhado e com o sobrinho do Josias nas cadeiras e no vestiário?! O Wianey Carlet publicou o relato do conselheiro Carlos Josias, que não foi contestado e sequer processado. Logo, isso me leva a crer que ele não deva ter mentido.

Em termos de delegação de poderes e confiança, o Odone pôs o Antônio Dorneu Maciel e o Flávio Vaz Neto (que, segundo alguns conselheiros próximos, seria o nome que Odone desejava para sua sucessão – de preferência por aclamação) no Conselho de Administração. Isso não significa nada além de, pelo menos, uma falta de cuidado e de conhecimento a respeito de alguns assessores importantes.

Nunca foi explicado de onde vieram cerca de R$120.000,00 (segundo informante do Hiltor Mombach do Correio do Povo) pra bancar uma campanha totalmente desproporcional pra presidente de um clube de futebol que não chegou a 7.000 votantes em 2006…

Ter confiado na TBZ como parceira da Arena quando a Europa inteira sabia que essa empresa era a maior falcatrua também demonstra falta de cuidado na escolha de parceiros comerciais. Um erro na Arena pode ser fatal para o clube.

A bem da verdade, Odone, assim como todos os ex-presidentes do clube e do Conselho são caciques.

Eu já escrevi: essa história de situação e oposição no Grêmio é totalmente relativa, pois o AVC foi candidato pela chapa 3 em 2006 (não passou pelo Conselho Deliberativo) e, agora, está com Odone. O Krieger não tem nenhum tipo de inimizade com o Odone, mas está com o Duda.

Muitos conselheiros são irmãos, primos, cunhados, filhos, tios e netos de outros conselheiros. Meia dúzia de gatos pingados se importam se vai haver eleição direta ou não – inclusive entre alguns dos grupos que juram de pés juntos que são representantes do associado até debaixo d’água…

Enfim… Os novatos de hoje serão os caciques de amanhã: afinal de contas, grande parte dos conselheiros de 1º ou 2º mandato com menos de 40 anos de idade em 2008 que prometem revolucionar o mundo certamente consideram cômodo manter o absurdo de permitir a inscrição de seus nomes em todas as chapas possíveis. Que democracia é essa quando a ambição de qualquer postulante a dirigente é possuir poder, prestígio e, acima de tudo, influência? Em bom português, isso significa VONTADE DE VIRAR CACIQUE.

Os detratores de Cacalo, Obino, Marcos Hermann e Adalberto Preis não percebem que Obino foi aclamado por TODOS OS CACIQUES. Duvido que eles não tenham pensado que a situação financeira deixada por Guerreiro iria queimar o nome de qualquer um deles. Então, jogaram o menos esperto pra se safar. Não tiveram coragem de segurar o rojão e nem competência pra formar novas lideranças. Com isso, não quero dizer que Obino não tenha sido incompetente e nem que ele não seja um cacique. Obviamente, não se trata de um senhor ingênuo. Contudo, foi jogado aos leões.

Movimentos recentes tiveram sua primeira chance de mostrar trabalho justamente na gestão Obino. O bom trabalho de jovens conselheiros no Quadro Social também iniciou no final da gestão Obino. Eles iriam apoiar Preis, mas Odone deu a eles uma vaga certa no Conselho de Administração. Antes disso, a maioria de seus integrantes reclamava um monte do caciquismo dele. E não deixavam ninguém esquecer que Guerreiro era da mesma facção de Odone. Trocaram muitos valores divulgados na imprensa e perante os sócios por um caminho mais fácil rumo ao poder.

Eles foram os primeiros a proceder assim? Serão os últimos? Foram os piores?  Ou os melhores? Resposta: nenhuma das anteriores. Tal atitude é fruto de uma cultura arraigada.

Resumindo: TODOS OS MOVIMENTOS POLÍTICOS, CADA UM A SEU TEMPO, COM OU SEM OPOSIÇÃO, POSSUEM TOTAL RESPONSABILIDADE TANTO NA DÍVIDA COMO NO REERGUIMENTO DO CLUBE.

Ninguém é santo na política e nos negócios. Só não confunde malandragem e meias-verdades com desonestidade e falta de ética generalizadas, pois nem sempre todos esses atributos caminham de braços dados.

Com isso, quero dizer que, se é pra participar do processo eleitoral, deve-se saber que, ao tomar-se uma posição, deve-se saber que as variáveis que formam as alianças são infinitas.

Logo, esse papo de inimizade e de situação x oposição não passa, na maioria das vezes, de uma mera retórica. Depois que o processo eleitoral terminar, todo mundo vai estar abraçado – com ou sem cinismo.

Quanto à posição do dr. Hélio Dourado, sinceramente, não sei se ele mudou de idéia ou não. O que está bem claro é que houve um canetaço e a imposição de um modelo de negócio muito arriscado. A bem da verdade, ainda não é certo que vá sair a Arena. Se ela sair, o mérito não será todo de quem a idealizou mas, sim, de quem também tiver fiscalizado todo o processo.

É muita infantilidade endeusar um dirigente qualquer. Da mesma forma, é falta de inteligência acirrar os ânimos sobre uma eleição que apresenta a mesmíssima plataforma de gestão em ambos os lados – ainda mais neste feliz processo que, a meu ver, pela primeira vez em muito tempo apresenta dois candidatos a presidente e 14 candidatos a vice-presidente de alto nível.

As rádios e os jornais querem ver sangue. Talvez até não provoquem, mas vendem mais se houver bate-boca, troca de sopapos e denúncias vazias. Que não se incentive atitudes nesse sentido, por favor!

Querendo ou não, a necessidade fará com que oponentes políticos acabem trabalhando juntos.

Sempre foi assim e sempre será assim. O pior cego é aquele que não quer ver.

Enfim… Ninguém é obrigado a votar. Mas se for votar, é bom saber que nem tudo o que parece catastrófico é ruim e nem tudo o que reluz é ouro.

Por heliopaz

@heliopaz | cultura de fã de futebol online/offline | Educação = cultura + ato político

0 resposta em “UM DUELO ENTRE IGUAIS”

Grande Hélio!

Assino embaixo no teu comentário. Vou na chapa do Duda, não por ele, mas pela pessoas que o acompanham, volto a frisar.

Não tenho conhecimento mais próximo do Vicente Martins, no entanto, lembro da passagem dele no futebol na gestão do Guerreiro. Foi trágico. Nunca ouvi, li, ou soube, de autocrítica do Vicente em relação a gestão do Guerreiro, o que significa para mim um pecado capital, algo definidor. O apóio do Odone, um político aproveitador, arrogante e prepotente, que fugiu em vários momento quando da segundona, um divisor de água, se ele está de um lado eu estou de outro. Além disso, não vejo nos demais componentes da chapa um peso, uma experiência, uma trajetória, com força para legitimá-los como dirigentes, com tantos desafios a frente. O Imortal é uma instituição financeiramente falida e vai entrar em uma aventura chamada Arena. Não vejo na chapa do Vicente estofo para resolver tal drama, que é uma condição prévia para ganhar títulos.

Fora os políticos aproveitadores. Fora os corruptos.

Jamais nos matarão.

Caro André!

Por favor, apresenta tuas opiniões de modo mais civilizado, OK.

O ZO e o Vaz Neto (esquecestes do Dornéu) são da turma do Odone (e por extensão do Guerreiro), ou seja, por fidelidade votam no que o chefe manda. Esse trio (inclui mais um) esteve o tempo todo ao lado do Antonini, Bastos e do Odone e dizem por aí que o preferido para a presidência era o Vaz Neto, o que significa que, possivelmente, o Vicente não fosse para o segundo turno. Ele está lá por falta de alternativa do Odone.

Com a notícia da manhã de que o Odone vai ser o diretor de futebol fico ainda mais longe do Vicente Martins. O Odone gosta é da tribuna da Assembléia e dos passeis em Punta. Na segundona, em vários momento, deixou o clube na mão, como vai ser diretor de futebol? Tudo discurso para enganar a torcida e não caio nessa.

Fora os políticos e os corruptos.

A questão foi muito bem apresentada pelo Hélio. A briga aqui não é bem ou mal, esquerda ou direita, PT ou anti-PT… o negócio é bem simples: quem tá fora quer entrar e quem está dentro não quer sair.

Não existe uma clara definição de oposição e situação. A briga aqui é claramente de poder.

Ou seja, o negócio é votar em quem acharmos menos pior ou com o menor número de companhias nefastas.

Por mim, buscaria uma terceira via, algo que NÃO existe hoje.

DÁ-LHE GRÊMIO!!!

É, o ideal seria uma terceira via distante dos carcomidos cardeis que lá gorjeiam. O meu candidato seria o Mauro Knijnik, um pessoa muito correta, mas acho que o estômago dele é muito sensível para comandar aquele vespeiro. O resultado desse vazio é votar com o nariz tapado e no conjunto mais confiável.

André,

Tu és inteligente e crítico. Porém, tens o hábito de relacionar qualquer coisa a uma mera relação de causa e efeito quando o que realmente importa são os pormenores, os detalhes.

Normalmente, uma observação política baseada na relação entre causa e efeito procura qualificar ou desqualificar algo ou alguém em função de fatos óbvios, porém inconclusos.

Já uma observação do detalhe permite compreender o contexto que leva A a colaborar, fazer aliança ou até mesmo deixar de concordar e de participar da gestão de B.

Obino pode ter sido pouco competente. Todavia, sob quais circunstâncias ele recebeu o GRÊMIO? Como rolava a bola de neve de erros de administração, das finanças e no futebol que desembocaram na queda para a Série B em 2004 e para o processo quase falimentar do clube?

Portanto, o argumento de que Duda é Obino e Antônio Vicente Martins é Guerreiro é fraco na superfície. Afinal de contas, o amigo do derrotado, falido e constrangido não precisa ser um outro derrotado, falido e constrangido presidente. O mesmo vale para o amigo do megalomaníaco e pouco transparente em sua gestão.

AVC é competente e sua chapa é muito boa. Duda, idem. Tenho certeza de que não vai haver animosidade depois da disputa.

Se – e somente se – eu fosse rebater a tua afirmação dizendo que o GI e o MGN foram contrários a Odone e hoje “não prestam” porque decidiram esse tipo de aproximação a fim de entrarem no jogo, a gente não iria a lugar nenhum.

Já passei da idade de acreditar em mocinhos e bandidos.

[]’s,
Hélio

ANDRÉ K.,

Obrigado pelo elogio. De qualquer forma, não é mais do que a obrigação procurar enxergar o contexto sob um ponto-de-vista diferenciado.

Creio que este deveria ser um exercício diário pra qualquer pessoa quando o interesse de desmistificar for sincero e buscar fazer com que uma comunidade reflita acerca de suas decisões coletivas.

[]’s,
Hélio

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